A criação deste blog teve por objetivo divulgar o trabalho do Núcleo de Estudos de Política Econômica (NEPE) da Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul. As atividades do NEPE foram encerradas oficialmente em abril de 2018, por força de decreto do governo estadual do Rio Grande do Sul. As opiniões aqui expostas não refletem quaisquer posições oficiais desta instituição ou de qualquer outra, sendo de responsabilidade exclusiva do autor do blog. Neste momento o objetivo é contribuir para a preservação do patrimônio imaterial da FEE, bem como divulgar e avaliar criticamente as análises econômicas realizadas no Rio Grande do Sul.

7 de nov. de 2014

Impacto da política fiscal sobre a demanda agregada

Em 2012 eu havia dito que a análise das contribuições da demanda doméstica não era a melhor maneira de avaliar o impacto da política fiscal no crescimento do PIB, e que uma maneira melhor poderia ser encontrada em Pinkusfeld & Rodrigues (2010).

Disponibilizo agora um texto mais recente meu com estes autores, apresentando uma análise das finanças públicas e da política fiscal ao longo do período 2003-2012. As observações abaixo são minhas, sobre os resultados encontrados.

De um modo geral a política fiscal manteve uma postura bastante cautelosa com respeito ao nível de superávit primário. Em realidade pode-se dizer que foi em muitos momentos excessivamente cautelosa, já que a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB caiu bastante ao longo do período analisado. Em parte, as variações da dívida líquida obedeceram não apenas aos superávits primários mas também a aspectos patrimoniais não analisados pelo texto e que, acredito, precisam ser melhor investigados em um próximo trabalho sobre o tema.

Com respeito ao impacto fiscal, de um modo geral não foi muito expansionista. Houve dois anos em que a política fiscal foi recessiva: 2003 e 2011. Penso que teve sua importância a partir de 2004 para o ciclo expansivo 2004-2008, depois teve importância considerável durante a crise em 2009, favorecendo bastante a plena recuperação de 2010. Nos demais anos do mandato Dilma Rousseff, não foi expansionista o bastante para compensar o forte efeito recessivo de 2011 e/ou compensar a desaceleração das demais variáveis de gasto a partir daquele ano.