Em 2012 eu havia dito que a análise das contribuições da demanda doméstica não era a melhor maneira de avaliar o impacto da política fiscal no crescimento do PIB, e que uma maneira melhor poderia ser encontrada em Pinkusfeld & Rodrigues (2010).
Disponibilizo agora um texto mais recente meu com estes autores, apresentando uma análise das finanças públicas e da política fiscal ao longo do período 2003-2012. As observações abaixo são minhas, sobre os resultados encontrados.
De um modo geral a política fiscal manteve uma postura bastante cautelosa com respeito ao nível de superávit primário. Em realidade pode-se dizer que foi em muitos momentos excessivamente cautelosa, já que a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB caiu bastante ao longo do período analisado. Em parte, as variações da dívida líquida obedeceram não apenas aos superávits primários mas também a aspectos patrimoniais não analisados pelo texto e que, acredito, precisam ser melhor investigados em um próximo trabalho sobre o tema.
Com respeito ao impacto fiscal, de um modo geral não foi muito expansionista. Houve dois anos em que a política fiscal foi recessiva: 2003 e 2011. Penso que teve sua importância a partir de 2004 para o ciclo expansivo 2004-2008, depois teve importância considerável durante a crise em 2009, favorecendo bastante a plena recuperação de 2010. Nos demais anos do mandato Dilma Rousseff, não foi expansionista o bastante para compensar o forte efeito recessivo de 2011 e/ou compensar a desaceleração das demais variáveis de gasto a partir daquele ano.