Excelente nota técnica divulgada pelo IPEA, de autoria do pesquisador José Bruno Fevereiro, relatando um importante avanço na metodologia de decomposição da taxa de crescimento do PIB em função dos componentes de demanda agregada. A metodologia considera as contribuições ao crescimento do PIB levando em consideração estimativas dos coeficientes de importações específicos a cada componente da demanda agregada (consumo das famílias, consumo do governo, formação bruta de capital e exportações).
Das constatações possíveis por esta metodologia, destaco que sua utilização não modifica a conclusão de que tanto a aceleração do crescimento a partir de 2004 quanto a desaceleração a partir de 2011 devem-se à dinâmica da demanda doméstica. A estimativa dos coeficientes de importação específicos desautoriza a suposição de que as exportações teriam uma contribuição ao crescimento significativa no crescimento no Brasil, apesar de seu pequeno peso na composição da demanda agregada.
"O componente da demanda agregada que possui o maior coeficiente de conteúdo importado é a formação bruta de capital (FBK), cujo valor oscilou em torno de 0,20, o que indica que aproximadamente 20% da demanda final para investimento é suprida por bens de origem importada. O segundo componente da demanda final com maior conteúdo importado é o das exportações, cujo coeficiente oscilou entre 0,174 (2001) e 0,124 (2009)".
Ambos os coeficientes, da formação bruta de capital e das exportações, são superiores ao coeficiente de importações relativo ao total da demanda agregada, que corresponde ao coeficiente médio de importações. Analisei a desaceleração do crescimento no Brasil a partir de 2011 utilizando este coeficiente médio de importações, neste artigo.