A criação deste blog teve por objetivo divulgar o trabalho do Núcleo de Estudos de Política Econômica (NEPE) da Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul. As atividades do NEPE foram encerradas oficialmente em abril de 2018, por força de decreto do governo estadual do Rio Grande do Sul. As opiniões aqui expostas não refletem quaisquer posições oficiais desta instituição ou de qualquer outra, sendo de responsabilidade exclusiva do autor do blog. Neste momento o objetivo é contribuir para a preservação do patrimônio imaterial da FEE, bem como divulgar e avaliar criticamente as análises econômicas realizadas no Rio Grande do Sul.

1 de jun. de 2018

Atividade econômica do RS



Agora que o governo Sartori destruiu o cálculo do PIB do RS, teremos que estimar a atividade econômica de acordo com métodos bem menos científicos, como por exemplo, olhando pela janela e dando um chute. Da minha janela eu vejo por exemplo o belíssimo prédio recém-restaurado que foi sede da Gráfica Rotermund. Foi transformado em um prédio de salas comerciais e lojas. Não entendo nada de arquitetura mas qualquer um vê que foi uma obra realizada com muito cuidado, além de um considerável investimento para os parâmetros deste núcleo urbano. Já faz no mínimo uns três ou quatro meses que o prédio está completamente pronto, mas não vejo salas alugadas. O que isso indica? Que a atividade econômica anda muito fraca, ninguém quer colocar recursos em abrir uma nova loja ou mesmo mudar uma loja existente ou um escritório de profissional liberal para uma localização melhor. Isto me parece um exemplo interessante do que se chama um baixo grau de utilização da capacidade produtiva. Está ocorrendo no momento em praticamente todas as atividades econômicas. No meu exemplo, o belo prédio da gráfica Rotermund é um bem de capital que estará plenamente utilizado somente quando todas as lojas estiverem alugadas. E não me parece, infelizmente, que isto vá ocorrer tão cedo. Os dados preliminares do BR indicam que o PIB do primeiro trimestre foi bem fraco em termos de produção e de emprego. E imagina como deverá ser o do segundo, com no mínimo uma semana já de atividade econômica absolutamente reduzida, em função do problema dos combustíveis. Outro dado que se pode ver da janela é a impressionante redução da intensidade da circulação de veículos e pessoas na rua, pelo menos desde a quarta-feira da semana passada, em função da pane. O centro de São Leopoldo agora de manhã, segunda-feira, parece que ainda é domingo. Este período que começou em 2015 será lembrado por muitos anos como uma enorme e histórica recessão, seguido de um prolongado período de estagnação. Um período em que muitos recursos estão subutilizados, mesmo que muita gente passe por necessidades materiais mas não encontre atividade remunerada que dê jeito. Sabemos há muito tempo que o sistema econômico não é capaz de automaticamente resolver esta questão. Mas, neste momento, o sistema político está perversamente tomado pela crença de que é preciso aumentar a dose de "livre mercado" para que os problemas se resolvam. Não é incomum que, quando o objeto de estudo se torna crescentemente rico, interessante e importante para o cientista social, simultaneamente, são criadas dificuldades cada vez maiores para compreendê-lo. Como no caso de ter de olhar pela janela e farejar a atividade econômica, ao invés de ter o cálculo rigoroso do PIB.

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