Já está disponível a terceira edição do Boletim de Conjuntura da UFFRJ. Na apresentação, o boletim chama a atenção para o fato de que as estimativas de crescimento da economia brasileira vêm sendo corrigidas para baixo, de modo consistente com a desaceleração de fato registrada pelas contas nacionais trimestrais.
Na seção sobre o setor público, observa-se que a redução de gastos proposta pelo governo não se confirmou, na medida em que as despesas totais seguem crescendo. Observando, entretanto, as contas nacionais trimestrais pode-se ver também que desde o quarto trimestre de 2010 a contribuição do setor público para o crescimento da demanda agregada vem sendo bem menor. Parece provável, portanto, que a política fiscal esteja contribuindo, em conjunto com a retração do investimento e das exportações, para as menores taxas de crescimento observadas. As despesas de consumo, por outro lado, é que não parecem apresentar a mesma tendência de desaceleração.
Na análise do boletim a respeito das contas nacionais, observa-se ainda que prossegue a tendência de redução da participação da indústria de transformação na geração do valor adicionado, bem como de maior dinamismo da indústria extrativa.
Sobre a política monetária, transparece no boletim a avaliação posítiva a respeito da decisão do Banco Central de reduzir a taxa básica de juros mesmo contrariando as expectativas do mercado e assumindo assim uma postura mais independente em relação aos interesses das instituições financeiras. Na seção sobre a taxa de câmbio, o boletim aponta que não se pode atribuir àquela decisão do BC a recente volatilidade do preço do dólar em moeda doméstica. A oscilação observada está relacionada fundamentalmente ao agravamento da crise na Europa, que determinou movimento semelhante nas taxas de câmbio de diversos países. A evolução deste quadro no futuro próximo dependerá, portanto, dos desdobramentos desta crise.
Supondo, entretanto, que a economia internacional esteja passando por um período de turbulência semelhante ao que se seguiu ao episódio de 2008, penso que as decisões futuras do Banco Central poderão condicionar em grande medida a rapidez e a intensidade da revalorização do câmbio nominal. Se o diferencial de juros tivesse sido substancialmente reduzido a partir daquele episódio, é possível pensar que o câmbio nominal não teria retornado com tanta rapidez ao patamar anterior, em torno de R$ 1,60.
Com respeito às condições do setor externo, o boletim reafirma que o dinamismo das exportações tem estado relacionado essencialmente à evolução dos preços, e não das quantidades. Na última edição da Carta de Conjuntura da FEE observei que, a despeito deste dinamismo, o indicador de solvência externa vem deteriorando-se nos últimos anos. Observando os dados mais recentes do balanço de pagamentos (até setembro) é possível observar que esta deterioração não prosseguiu ao longo do ano de 2011, fato coerente com as taxas de crescimento mais reduzidas. Convém, entretanto, acompanhar de perto a evolução dos preços das commodities no futuro próximo pois, mesmo com um crescimento econômico menor, uma modificação importante nos termos de troca poderá voltar a determinar deterioração das condições de solvência externa.
Com respeito às condições do setor externo, o boletim reafirma que o dinamismo das exportações tem estado relacionado essencialmente à evolução dos preços, e não das quantidades. Na última edição da Carta de Conjuntura da FEE observei que, a despeito deste dinamismo, o indicador de solvência externa vem deteriorando-se nos últimos anos. Observando os dados mais recentes do balanço de pagamentos (até setembro) é possível observar que esta deterioração não prosseguiu ao longo do ano de 2011, fato coerente com as taxas de crescimento mais reduzidas. Convém, entretanto, acompanhar de perto a evolução dos preços das commodities no futuro próximo pois, mesmo com um crescimento econômico menor, uma modificação importante nos termos de troca poderá voltar a determinar deterioração das condições de solvência externa.
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