Na época em que cursava pós-graduação em economia, certa vez me chamou a atenção o fato de que, nos muitos debates acadêmicos que costumava ouvir àquela época, a maioria dos expositores ficava fortemente desconfortável ao mencionar o termo "política industrial". A ideologia liberal ganhou tamanho ímpeto nos anos 1990 que terminou por interditar alguns pontos do debate sobre desenvolvimento econômico. Na concepção dominante daquele período, política industrial era sinônimo de "geração de ineficiências" portanto não deveria nem ser considerada. Algo parecido ocorreu, com ainda mais força, com a idéia de "substituição de importações" que simplesmente sumiu do debate, interpretada em termos gerais também como como uma estratégia "esgotada". Hoje já se fala novamente, sem pedir desculpas, em política industrial, embora não se possa ver estratégias claras a este respeito. A idéia de substituição de importações ainda soa a muitos, porém, como um "palavrão". É claro que em muitos casos isto se deve a um enorme desconhecimento do que realmente significa, porém há uma concepção aparentemente bem fundamentada que depõe contra a necessidade de substituir importações, e convence muitos economistas heterodoxos. É comum a análise dos processos de desenvolvimento em termos de dois modelos considerados mutuamente excludentes: o "liderado pelas exportações" e "por substituição de importações". Uma crítica a este enfoque consta em Medeiros & Serrano (2001).
Uma parte da literatura sobre o desenvolvimento econômico da América Latina concebe a estratégia de industrialização por substituição de importações como implicando em um necessário viés anti-exportador. Neste artigo, Fabián Amico questiona esta interpretação, buscando fundamentar a hipótese de que a industrialização por substituição de importações dos países maiores da América Latina funcionou como uma longa fase de preparação, aprendizagem e amadurecimento do processo industrial, que culminou em aumento da produtividade na década de 1970 e permitiu aumento significativo das exportações industriais. A discussão do tema passa por uma revisão das contribuições de Raúl Prebisch e Marcelo Diamand a respeito dos limites do processo de industrialização por substituição de importações.
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